03/03/2021

Startup de biotecnologia ganha patente para combinar maconha e cogumelos psicodélicos

Seja visando aumentar o crescimento espiritual, seja para acender a música no Lollapalooza, as pessoas vêm combinando cannabis e cogumelos “mágicos” de psilocibina recreativamente há anos. Mas uma pequena startup de biotecnologia chamada CaaMTech Inc. acaba de se tornar a primeira a patentear a ideia.

A patente cobre toda uma gama de canabinoides — compostos químicos produzidos nas plantas de maconha, como THC ou CBD — misturados com um conjunto de substâncias químicas relacionadas aos cogumelos psilocibinos. Ele detalha uma miríade de formulações, incluindo pó seco, pílulas, gomas e comestíveis, com uma série de aplicações propostas para distúrbios psicológicos. A empresa, com sede no subúrbio de Issaquah, em Seattle (Washington, EUA), espera que os investidores queiram licenciar essas formulações, que combinam um canabinoide com um derivado da psilocibina, seja para tratar a saúde mental ou para entreter um mercado de uso adulto ainda inexistente. O Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos concedeu a patente em meados de janeiro.

 

“A droga sozinha frequentemente se comporta de maneira diferente das combinações das drogas”, disse o CEO e cofundador da CaaMTech Andrew Chadeayne, PhD, ao Future Human. “Você tem que preencher uma espécie de espectro de coisas diferentes”.

Separadamente, tanto a cannabis quanto a psilocibina estão sendo exploradas por pesquisadores para tratar distúrbios de saúde mental. Uma revisão de 2020, publicada na BMC Psychiatry, examinou 13 estudos usando canabinoides para tratar distúrbios de saúde mental e encontrou “evidências encorajadoras, embora embrionárias, da cannabis medicinal no tratamento de uma variedade de transtornos psiquiátricos”, incluindo ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

No entanto, com base nos dados limitados e poucos ensaios clínicos bem desenhados disponíveis, a evidência era “muito fraca” para recomendar a administração de cannabis aos pacientes. As evidências para psilocibina e saúde mental são mais fortes. Uma meta-análise publicada em janeiro de 2020, no Journal of Psychoactive Drugs, destacou o grande tamanho do efeito e poucos efeitos colaterais da psilocibina para ansiedade e depressão no fim da vida.

Na década de 1950, relatos anedóticos de pessoas comendo cogumelos e aliviando sua depressão e ansiedade levaram cientistas a testar a psilocibina em um laboratório. No entanto, a quantidade de substâncias químicas em cada cogumelo pode variar amplamente e, hoje, os pesquisadores não podem dar aos pacientes uma quantidade não mensurada de uma droga — pelo menos, não se eles querem a aprovação da Administração de Alimentos e Drogas (FDA) dos EUA. Portanto, a maioria dos estudos modernos envolvendo drogas psicodélicas usa um único composto purificado. Mas poucos estudos analisaram o efeito que essas drogas podem ter quando combinadas.